Nesta edição pretendo abordar o tema da prevenção, numa altura em que acabamos de assinalar mais um Dia Mundial do Rim, no passado dia 10 de março. Este ano, a exemplo de anos anteriores, esta Associação voltou a dar o seu pequeno contributo na consciencialização para a prevenção deste flagelo que é a doença renal crónica terminal, levando a cabo iniciativas em várias zonas do território continental e ilhas, distribuindo folhetos sobre a prevenção da doença renal, bem como prestando todos os esclarecimentos sobre esta temática, não esquecendo os habituais rastreios à diabetes e à hipertensão arterial, duas das principais causas da entrada de mais de 2.000 novos doentes por ano em tratamento substitutivo da função renal.
Atualmente, podemos considerar que este é um verdadeiro flagelo, até porque a nossa incidência na DRCT, ou seja, a entrada de novos doentes em tratamento substitutivo da função renal, é praticamente o dobro dos nossos parceiros europeus. Por exemplo, em relação aos nossos vizinhos espanhóis (dados de 2014 da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e da Sociedade Espanhola de Nefrologia), a nossa incidência foi de 237,17 doentes pmp (por milhão de habitantes), enquanto na nossa vizinha Espanha a incidência se situa em 133,6 doentes pmp.
Desde há algum tempo a esta parte que a nossa Associação vem alertando as entidades responsáveis ligadas à doença renal crónica terminal para esta enorme discrepância, a qual, sem qualquer razão que justifique este número exagerado, continua a aumentar em Portugal, não tendo até agora sido tomada qualquer atitude para interromper este ciclo.
Aliás, esta parece ser apenas uma preocupação desta Associação de doentes, porque até agora todos teimam em afirmar que estes números se ficam a dever às nossas elevadas taxas de incidência da diabetes e da hipertensão arterial. Este é efetivamente um facto indesmentível, no entanto, todos conhecemos opiniões de diversos nefrologistas abalizados na discussão deste assunto, que dizem desconhecer qual a verdadeira causa que, para além das duas atrás mencionadas, mantém todos os anos este número elevado.
Conscientes de toda esta problemática, esta Associação voltou a mencionar este ponto, na sua última reunião com o senhor Ministro da Saúde, onde nos foi transmitida toda a sensibilidade do Ministério da Saúde, para atacar este sério problema. Esperamos todos que, em breve, possamos então responder à pergunta que acima coloquei: “Fará sentido PREVENIR?”
Sim, dizemos nós, é preferível PREVENIR, pois só assim, todos em conjunto, conseguiremos combater este inimigo invisível.
João Cabete
Presidente da Direção Nacional
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