Respostas Rápidas a Perguntas sobre as Doenças Renais e seus Tratamentos

Quantas pessoas sofrem de doença renal crónica (DRC)?

• Aproximadamente 1 em 10 pessoas com mais de 18 anos têm indicadores de DRC, nomeadamente função renal reduzida e/ou presença de albumina na urina.
• Poucas pessoas com DRC têm conhecimento de que possuem este problema.

Quem tem um risco aumentado de DRC?

• Um em cada três adultos tem um risco aumentado de desenvolver DRC.
• Fatores de risco para a DRC:
  • diabetes
  • tensão arterial elevada
  • problemas cardíacos (insuficiência cardíaca ou passado de ataque cardíaco) e/ou se já tiver tido uma trombose cerebral (AVC)
  • história familiar de insuficiência renal
  • obesidade (índice de massa corporal ≥ 30 Kg/m²)
  • tabagismo
  • idade superior a 60 anos
  • episódio passado de lesão renal aguda.

Quais são as principais causas de insuficiência renal?

Os dados do relatório de 2016 do Gabinete de Registo do Tratamento da Doença Renal Crónica, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, indicam que as causas mais comuns de doença renal com necessidade de terapia de substituição renal (diálise ou transplante) eram a diabetes (DM) e a hipertensão arterial (HTA), seguidas da glomerulonefrite crónica (GNC) e da doença renal poliquística autossómica dominante (DRPAD).

Por que razão deve ser a DRC motivo de preocupação?

A DRC é:

• Comum
  • 10% das pessoas que são consultadas por um médico de família têm DRC, mas a maior parte não o sabe.
• Perigosa
  • As pessoas com DRC têm um risco 2 a 3 vezes maior de morte por problemas cardíacos do que as pessoas sem DRC.
  • Nas pessoas com DRC, o risco de morte devido a complicações cardíacas é 20 vezes maior do que o risco de virem a necessitar de diálise ou transplante.
• Tratável
  • Se a DRC for detetada precocemente e gerida de forma correta, a deterioração da função renal pode ser retardada e até mesmo revertida.

Quais são os dados mais relevantes do tratamento da insuficiência renal?

Infelizmente, Portugal é um dos países do mundo com mais elevada incidência e prevalência de insuficiência renal com necessidade de terapêutica de substituição da função renal (diálise ou transplante renal). Mas nem tudo são más notícias: Portugal é, também, um dos países do mundo com maior taxa de transplantes renais por milhão de população (pmp).

O relatório de 2016 do Gabinete de Registo do Tratamento da Doença Renal Crónica, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, mostra que:

• 2.406 pessoas iniciaram terapêutica de substituição da função renal (diálise ou transplante renal), com uma incidência global de 232,28 pmp. A incidência de diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) encontra-se relativamente estável desde 2006.
• 19.700 pessoas mantinham-se em terapêutica de substituição da função renal (diálise ou transplante renal), com uma prevalência global de 1901,9 pmp. Na última década, a prevalência da diálise e do transplante aumentou de forma consistente em Portugal.
• 24,8% das pessoas que iniciaram terapêutica de substituição da função renal foram referenciadas de forma tardia para um nefrologista, ou seja, menos de 3 meses antes de iniciarem a terapia. Nos últimos dois anos, esta tendência de referenciação tardia estabilizou.

Diálise

• Em Portugal, no final de 2016, 12.458 pessoas encontravam-se em tratamento de diálise.
• Este número representava um aumento de 1,6% em relação a 2015.
• Distribuição do tratamento de diálise em 2016:
  • 94,2% em hemodiálise (mais de 9 em cada 10 doentes efetuam este tratamento numa clínica)
  • 5,8% em diálise peritoneal.

Transplante

• Em 2016, efetuaram-se em Portugal 486 transplantes renais.
• Destes 486 transplantes renais, 421 foram de dador cadáver e 65 de dador vivo.
• 25 dos transplantes renais foram pre-emptive ou pré-terminais, antes de ser necessário realizar diálise.
• No final de 2016, um total de 7.242 Portugueses viviam com um rim transplantado funcionante.
• Em 2016, estimava-se que existiriam em Portugal cerca de 2800 indivíduos em lista de espera para transplantação de rim.
• A maior parte das pessoas na lista de espera para transplante renal tem menos de 65 anos e são homens.
• O tempo médio de espera para um transplante renal é de mais de 4 anos.

Quais são os custos para o Sistema de Saúde Português?

• Estima-se que o custo global do tratamento de substituição da função renal (diálise e transplante renal) para o governo Português ascenda a mais de 400 milhões de euros por ano.
• Isto significa que o tratamento dos doentes em diálise e transplantados renais (cerca de 0,2% da população portuguesa) consome, grosso modo, 5% do Orçamento de Estado destinado à Saúde.

Qual é a mortalidade dos doentes em terapêutica de substituição da função renal?

Os dados do relatório de 2016 do Gabinete de Registo do Tratamento da Doença Renal Crónica, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, evidenciam que:

• 1573 doentes em diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) faleceram, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de cerca de 12,6%. As doenças cardiovasculares e infecciosas são as principais causas de mortalidade dos doentes em diálise.

Referências

1. Relatório de 2016 do Gabinete de Registo do Tratamento da Doença Renal Crónica, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia.
2. The European Renal Association – European Dialysis and Transplant Association Registry Annual Report 2014: A Summary. Clinical Kidney Journal 2017, vol. 10, n.º 2, pág. 154-169.