«A pessoa que me acompanhou foi a minha esposa que, apesar de não ter nenhuma formação em saúde, e que quando assistiu ao meu primeiro puncionamento quase desmaiou, se revelou uma enfermeira de hemodiálise de grande nível, passando até a ser ela a puncionar-me em todas as sessões.»
«Tenho a minha própria alegria de viver. Pequena em tamanho, mas grande em força, e com força de vontade tudo se consegue. As coisas boas acontecem quando menos esperamos, o hoje é hoje e o amanhã logo se vê.»
«Augusto Cury, médico psiquiatra, diria: “Um médico é a soma de uma boa formação técnica com a capacidade/disponibilidade humanas para interagir com os seus doentes.”»
«Passados uns tempos, quando fui fazer os exames de pré-transplante, mais propriamente uma ecografia, acabei por descobrir que estava grávida e já estava de quatro meses! Quando soube, não sabia se devia ficar alegre ou preocupada. E quando contei, ninguém queria acreditar em mim!»
«Confesso que perante tanta adversidade em termos de saúde, cheguei a não acreditar no meu Deus. Questionava, bastas vezes, Senhor… porque mereci tal castigo? Perante o espelho da vida ganhava novas forças.»
«Voltei ao bloco e nesse instante, sim, presenciei o verdadeiro Milagre, pois exatamente nesse momento chegava um indivíduo transportando uma arca azul, que entregou à Enfermeira que esperava na porta do bloco e disse: “Venho trazer o rim para o rapaz que rejeitou o que recebeu antes.” »
«“E o que é isto de ter uma doença crónica?” – perguntamo-nos. Quer dizer irreversível. Não liga as luzes de marcha-atrás. Pode ter direito a penso rápido apenas, mas nunca cicatriza.»
«Ao dia de hoje, e de forma consecutiva durante 24 anos sempre a fazer hemodiálise, nunca poderei dizer que é fácil, mas todos nós conseguimos uma força extra quando precisamos.»
«Comecei a fazer hemodiálise com 10 anos e comecei a sentir que me tratavam de forma diferente em todos os sentidos. Eu só queria ficar sozinha no meu quarto e sentia-me culpada de tudo que acontecia em minha casa.»
«O meu filho nasceu com displasia renal bilateral congénita, tendo que começar a fazer diálise peritoneal com 5 dias de idade, situação que se manteve até aos 5 anos.»
«E mal sabíamos as dificuldades que juntos iríamos enfrentar contra o desconhecimento, a ignorância de uma sociedade eufórica que dava os primeiros passos em democracia e no associativismo. A maioria dos profissionais de saúde não sabia o que era a hemodiálise e as lutas foram tremendas até se chegar a hoje em que é raro o cidadão que desconheça o que é fazer diálise…»
«O que eu mais queria era poder ir para a cama dos Papás quando acordo à noite a chorar, mas não posso porque estou ligado à máquina e preciso de fazer o tratamento… Seria tão bom! Sei que a Mamã também queria muito, porque à noite quanto está comigo a dar miminhos diz-me: “Um dia vais dormir na cama da Mamã”.»
«Ao fim dos 4 anos, toca finalmente o telefone, pois havia um rim compatível com o Bruno. Era a notícia que tanto se desejava, mas ao mesmo tempo não se quer ouvir.»
«Esta é a minha história, uma história triste, mas alegre ao mesmo tempo. Mesmo na doença, posso afirmar que fui feliz, graças a todos os que me acompanharam.»
«Sou um apaixonado pela música e pelo bodyboard, desporto que pratico com regularidade. São verdadeiros escapes e terapias, são o meu momento e a minha oração. Considero-me uma pessoa forte, dinâmica, com garra, modestamente esperta, ativa e educada, mas tudo aquilo que sou, devo-o à minha família, em especial à minha mãe e aos meus irmãos.»
«Mas, passados estes sustos iniciais, as coisas começaram a correr bem. Concluí o secundário, logo a seguir concorri para a universidade e, em 2012, entrei para a licenciatura de Organização e Gestão Empresariais. Desde setembro que estou a fazer Erasmus em Espanha, para ter uma nova experiência e conhecer novas pessoas e com diferentes culturas.»
«Sendo eu um praticante de desporto, desde os meus tenros 9 anos de idade, era muito difícil superar a falta da prática do mesmo. A verdade é que, mesmo após a descoberta desta insuficiência renal, nunca me considerei limitado, nem pensei sequer em desistir, apesar de ter sofrido bastante até chegar aos dias de hoje.»
«Como eu sou um sortudo, penso agora: só estive 3 meses em tratamento, tive um transplante bem sucedido e agora levo uma vida normal. O que pode um jovem de 18 anos pedir mais?!»
«Era tratada como uma criança perfeitamente normal: ia à escola, à praia, brincava com os meus amigos, andava na catequese, apenas tinha mais uma pequena ocupação! Fiz hemodiálise na CDR, onde estava rodeada de outras crianças e aproveitava para fazer os trabalhos da escola.»
«Parece-me que incluir a realidade de ter uma doença crónica como uma condição de vida e não como uma fatalidade tem sido um fator diferenciador de grande importância para o Diogo.»
«Até que chegou o dia mais feliz da minha vida, 13 de dezembro de 2011, em que doei o rim ao meu filho. Sou uma mãe muito feliz e realizada porque fiz a melhor coisa do mundo: dei vida de novo ao meu filho!»
«Não seria nada do que sou hoje se não tivesse tido cancro e não tivesse passado pela hemodiálise. Preferia não ter lidado com isso, mas essas enfermidades mudaram-me, tendo-me conduzido ao estado de viver conscientemente, aproveitando cada segundo de vida, seja qual for a situação em que me encontro, enfermo ou com uma saúde de ferro.»
Nuno Pedrosa
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