
O meu nome é Ana Rute Silva, tenho 42 anos e trabalho na área da engenharia civil. Aos 26 anos engravidei e às 24 semanas de gestação fiquei internada, com proteinúria muito elevada. Apanhei pré-eclampsia e a bebé teve de nascer às 36 semanas.
Depois no nascimento da minha filha, comecei a ser seguida nas consultas de Nefrologia, para se descobrir o que eu tinha. Fiz exames e mais exames e foi através de uma biópsia que se descobriu que tinha Nefropatia por IgA. Durante 11 anos fui seguida nas consultas de Nefrologia de 6 em 6 meses.
O meu médico sempre me disse desde o início que um dia mais tarde teria de fazer hemodiálise, mas sempre pensei que fosse quando já fosse velhinha. Em outubro de 2017, numa sexta-feira, fui fazer análises ao hospital, porque teria consulta na terça-feira.
No sábado fui para Sevilha passar o fim de semana com uns amigos e recebi uma chamada do meu médico a dizer que teria de ir logo na segunda-feira à consulta, porque as análises estavam alteradas. Quando cheguei à consulta, o médico explicou-me os estádios da doença renal e que no meu caso já estava no 4. Receitou-me uma medicação e comecei a ir todos os meses à consulta.
No dia 5 de março de 2018, fui à consulta e as análises indicavam que já estava a entrar no estádio 5. Imediatamente o médico enviou-me para a consulta de esclarecimento da hemodiálise, para me explicarem como funcionava.
A partir do dia 16, comecei a sentir um cansaço extremo. Muito frio, falta de ar, muito sono. Não tinha força no corpo. Parecia que estava a morrer lentamente. No dia 21 fui à urgência e deram-me a notícia que já estava à espera há muito tempo. Tinha de fazer hemodiálise de urgência porque os meus rins tinham parado de funcionar. E foi assim.
Dia 21 de março de 2018 iniciei o primeiro tratamento de hemodiálise. Colocaram-me um cateter no pescoço e nessa noite fiz 3 horas de tratamento. Hoje em dia tenho uma fístula no braço esquerdo, por onde faço o tratamento. De início foi muito revoltante. Levava noites inteiras a chorar, pois pensava que mal teria feito para passar por esta situação.
Hoje em dia, bem, tem dias. Há dias que se levam melhores que outros. Atualmente faço hemodiálise 3 vezes por semana, 6 horas de tratamento. Continuo a trabalhar, faço uma vida normal e vou de férias sempre que posso. Estou em lista de espera para transplante há 4 anos.