Tenho 40 anos e a doença renal crónica foi-me descoberta com 6 anos, através de uma biopsia. Foi um choque para mim e para a minha família, mas a minha alegria de viver era muita, o que fez com que conseguisse transmitir que tudo rapidamente ia passar. Os exames e análises doíam muito, mas aprendi a superar a dor. Até aos 8 anos fui seguida em ambulatório, mas nessa altura o médico informou-nos que a medicação já não estava a resultar e os rins estavam muito cansados e que ia ter que iniciar a hemodiálise. Ao início, tive medo e tudo era estranho, mas a minha vida não sofreu grandes alterações. Era tratada como uma criança perfeitamente normal: ia à escola, à praia, brincava com os meus amigos, andava na catequese, apenas tinha mais uma pequena ocupação! Fiz hemodiálise na CDR, onde estava rodeada de outras crianças e aproveitava para fazer os trabalhos da escola.
Quando tinha 13 anos fui chamada para transplante. Estávamos a 4 dias do Natal e enfrentei o transplante sozinha! Os meus pais não estavam em Portugal e eu estava acompanhada por uma tia que não gosta nada de hospitais! Foi um sucesso, durou aproximadamente 16 anos, tive alguns problemas graves, mas nada com o rim. Ao fim dos 16 anos, voltei à hemodiálise por 3 anos, onde tive muitos momentos de raiva. Mas cá estou novamente transplantada há aproximadamente 10 anos, no Hospital de Santa Cruz, desta vez com um rim do meu pai. Que bom é saber o quanto evoluiu a Medicina, porque para mim o transplante é uma dádiva preciosa. A todos vós, que se encontram em hemodiálise e podem ser transplantados, ARRISQUEM! Digam SIM à chamada de uma nova vida cheia de SUCESSOS!!!