
Chamo-me Hugo Miguel Ferreira Carvalho e nasci a 19/11/1987, na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Logo à nascença foram-me detetados problemas urológicos graves e por isso passei a minha infância a ser acompanhado pelos melhores especialistas da capital.
Em 2002, com 14 anos, fui transferido para o CHUC, em Coimbra, com indicação que deveria entrar em lista de espera para transplante renal. Viria a ser transplantado em 30 de agosto de 2003, com 15 anos. Os 15 anos que estive transplantado posso descrevê-los como os mais terríveis da minha vida. Estive constantemente internado com infeções e tive que ser submetido a várias intervenções.
As visitas ao CHUC para consultas eram uma constante e foi numa delas que a magia aconteceu: em 2010 conheci aquela que viria a ser a minha esposa. Começámos a namorar a 10 de abril de 2013 e casámos a 10/09/2016. A Carla também é insuficiente renal, também já foi transplantada e hoje em dia fazemos ambos hemodiálise.
Por causa do meu transplante a minha saúde mantinha-se instável, por isso em outubro de 2018 tive mesmo que começar a fazer hemodiálise na clínica DaVita de Leiria. O início não foi fácil. Apesar de ter a companhia da minha esposa, também ela doente da DaVita de Leiria, eu estava muito debilitado emocionalmente com todas as alterações que a minha vida estava a sofrer. Até que em 2019, redescobri a minha paixão, o Atletismo.
A minha vida sempre foi ligada ao desporto, mas a falta de saúde limitava os meus progressos. Atualmente, para além do programa de hemodiálise regular, sou atleta de alta competição na modalidade de corta-mato. Sou um atleta federado, a competir pelo clube do meu coração, o Leiria Marcha Atlética Clube.
Treino 5 dias por semana, o máximo de 2 horas, o que equivale a cerca de 11 km. O atletismo trouxe-me de volta ânimo, motivação, bem-estar físico e emocional. Em suma, trouxe-me a felicidade que me faltava. Neste momento, devido à pandemia, todas as provas nacionais estão canceladas, mas mesmo assim encontro-me a preparar-me para a primeira competição, que espero que venha a realizar-se em outubro de 2020. Neste percurso gostaria de agradecer a inspiração e a motivação do meu treinador Carlos Carminho, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo de Leiria.
Agradeço ainda à minha esposa Carla Paiva pelo incentivo, apoio e amor incondicional, bem como à minha família. Agradeço ainda à DaVita e a todos os profissionais que trabalham diariamente para nos proporcionar os melhores cuidados de saúde. Desde o início do programa de hemodiálise não tive intercorrências de maior com necessidade de internamento e encontro-me bem clinicamente. Espero com este testemunho tornar-me uma inspiração e um exemplo para todos os jovens que sofrem de IRC.