
Olá, o meu nome é Lucas e recentemente tornei-me sócio da APIR. Estou a gostar imenso, há sempre situações a falar em grupo e pessoas novas a conhecer com esta doença! Vou contar-vos a minha história: quando a minha mãe estava grávida de mim foi aí que começaram os problemas que originaram a minha Insuficiência Renal.
Quando estava na barriga da minha mãe tinha uma estenose na uretra que comprometeu o funcionamento de ambos os rins. Como nasci em 1992, nessa altura ainda não havia a evolução em tecnologias que existe hoje, senão talvez a história fosse bem diferente!
Ora um dos rins era um quisto e teve que ser removido quando eu era ainda muito pequeno. O outro aguentou-se com dificuldade até aos meus 5 anos. Quando tinha 5 anos, infelizmente entrei em diálise peritoneal e fiz cerca de 1 ano e meio.
O que me lembro dessa altura era que, como qualquer criança, só fazia asneiras. Como para fazer diálise tinha um cateter na barriga, andava na escola a brincar aos cowboys e a correr atrás das raparigas e depois à noite chegava a casa e fazia uma peritonite/ infeção e ia parar ao Hospital Pediátrico!
Quando fui transplantado não me recordo de ser doloroso, mas também é normal pela idade que tinha! O rim transplantado era de um rapaz de 18 anos que faleceu de acidente de mota. Esse rim durou-me cerca de 12 anos. Sempre tive alguns pequenos problemas com ele, adoecia facilmente com as diferenças de temperatura, mas nada de especial.
O motivo de perder o rim aos 22 anos foi devido aos problemas que comecei a ter aos 20 anos: quando tinha essa idade comecei a ter problemas urinários, ou seja tinha dificuldades de micção e o estudo clínico deu que tinha problemas de bexiga e provavelmente precisaria de uma “torneira” para urinar.
Como fui muito algaliado e fiz várias infeções, a minha creatinina disparou e já não voltou a descer. Conclusão: voltei a ter exatamente o mesmo problema que tinha quando nasci, a estenose na uretra, e perdi o meu rim e entrei em diálise. Graças a Deus tive um médico muito bom, que me resolveu o problema, mas já foi tarde demais, pois a creatinina já tinha ultrapassado os valores normais.
Mantenho hoje o seu contacto, ele chama-se Dr. Frederico Furriel e está a trabalhar no Hospital de Leiria. Hoje tenho 33 anos e desde os 22 anos que faço hemodiálise na Fresenius em Coimbra. Nunca fui muito de fazer viagens para passar férias, tenho receio por causa da minha FAV (fístula arteriovenosa). Aproveito bem o sábado e o domingo.
Quem faz hemodiálise sabe que com o passar dos anos o tratamento torna-se uma “roda da vida” e também traz os seus efeitos secundários. Desde 2012 que acabei o meu curso profissional na área de Prótese Dentária trabalho na Fernão de Magalhães até hoje, ao lado do meu pai.
O que desejo no futuro é um rim que me traga muita saúde e me proporcione uma melhor qualidade de vida! É preciso ter muita força e para quebrar as nossas barreiras e com a doença é preciso haver união, porque é ela que faz a força.
O objetivo da APIR é mesmo esse, ajudar-nos a lembrar que não estamos sozinhos e que juntos somos mais fortes. Podemos bater a portas nunca antes abertas. Não tenham receio de manifestar sempre aquilo que sentem! A ajuda está aqui!