A Insuficiência Renal Crónica (IRC) chegou-nos no mês de Natal, embrulhada em fios de medicação, em papel descartável das salas dos exames e com a etiqueta “Para os papás, com amor”. Em 2016, com 10 meses, o Tiago (o nosso mais novo e carinhosamente o Tigas cá de casa!) passou a ser a personagem principal da história “Doença renal crónica, estádio 4, secundária a displasia renal e refluxo vesicoureteral bilateral”.
“E o que é isto de ter uma doença crónica?” – perguntamo-nos. Quer dizer irreversível. Não liga as luzes de marcha-atrás. Pode ter direito a penso rápido apenas, mas nunca cicatriza. É um dói-dói grande. E no tempo, também. É diferente da irmã aguda, que vem, magoa, mas vai.
A senhora dona IRC costuma brincar com o apetite dele e houve até uma altura que levou a brincadeira tão a peito que o Tigas esteve na iminência de colocar uma gastrostomia percutânea. Mas o amor e a dedicação fizeram-no superar. Agora, com 2 anos de idade, deixou alguma medicação para trás, tornou-se amigo de outra, colhe sangue regularmente para ajustar a matemática renal e desenvolve-se a bom ritmo. As viroses e a febre gostam de lhe trocar as voltas com frequência e até já comprámos um passe para as viagens à urgência hospitalar!
Desde o diagnóstico que nós, papás, usamos a capa de “super-tudo” e dominamos o carrossel das emoções. Acreditamos que o segredo do sucesso está na dedicação, a que muito ajuda o subsídio para assistência a filho com deficiência ou doença crónica, de que eu, mamã, beneficio desde setembro de 2017. Somos uma equipa de 4, sentimos genuinamente que o amor supera as dificuldades, as reviravoltas, os medos dos resultados das análises e das idas à balança. Acreditamos, por isso, na magia do perlim rim pim!