Eu sou a Rita, sou angolana e esta é a minha história. Eu sou uma menina normal, só que a vida ensinou-me a ver ou a viver de uma maneira diferente e com bastante dificuldade. Não é fácil dormir a pensar que amanhã é mais um dia que vou ter que enfrentar. Eu não sei o que foi a minha infância, porque a minha vida tem sido toda dentro de um hospital. Comecei a adoecer muito cedo, com os meus 8 anos. Não foi fácil e o que mais me custou foi quando deixei de andar. Foi a parte mais difícil da minha vida, mas não me deixei levar… Comecei a fazer hemodiálise com 10 anos e comecei a sentir que me tratavam de forma diferente em todos os sentidos. Eu só queria ficar sozinha no meu quarto e sentia-me culpada de tudo que acontecia em minha casa. Comecei a comer coisas que não devia e cada vez a dor aumentava mais, o sofrimento também, mas eu não queria saber e continuava a fazer sempre a mesma coisa. Depois de um bom tempo, eu mesma disse: “Já chega de sofrer, já chega de chorar”.
Quando vim para Portugal, algo me disse que aqui estava a minha salvação, mas ainda tive que passar por um mau bocado. Um dia antes do meu transplante eu pedi a Deus e disse o seguinte: “Pai, eu estou a precisar de um rim, faz a tua vontade.” Na manhã seguinte, o telefone toca e é do hospital: “Rita, vem ao hospital para fazer o transplante”. Eu disse “Obrigada, Senhor.” Depois a minha vida mudou, tudo ficou colorido eu fiquei uma pessoa muito feliz. Depois do transplante tornei-me uma pessoa ainda mais feliz e hoje estou aqui para contar a minha história. Agradeço em primeiro lugar a Deus e depois à minha mãe e a toda a equipa da Nefrologia. O conselho que eu vos deixo é que nunca é tarde para realizar os nossos sonhos e alcançar os nossos objetivos.