A vida do meu filho Bruno é uma história difícil de acreditar. No 7.º mês de gravidez foi numa ecografia de rotina que o médico viu que eu estava com pouco líquido amniótico. Fui mandada de urgência para a Maternidade Daniel de Matos, onde me fizeram alguns exames e onde fiquei internada uma semana. Descobriu-se que o bebé tinha válvulas da uretra posterior. O resto da gravidez foi um horror e quando o Bruno nasceu, foi logo levado para os Cuidados Intensivos.
Naquela altura, por mais que me dissessem que o Bruno iria viver, eu não conseguia acreditar. Com semanas de vida foi levado para o Hospital Pediátrico de Coimbra, onde o Dr. Simões, um dos médicos a quem devo a vida do Bruno, lhe pôs uma sonda para ser retirada a urina para fora. Durante os primeiros 6 meses de vida o Bruno não saiu do Hospital. Foram meses de intervenções cirúrgicas e várias infeções urinárias, mas o Bruno acabou por ficar insuficiente renal. A Dra. Clara Gomes, que também foi um anjo que apareceu na vida do Bruno lá o conseguiu aguentar até aos 3 anos, mas nessa altura teve que iniciar a diálise peritoneal, que fizemos durante cerca de 4 anos. Durante esse período, fomos encaminhados para o Hospital de Santa Maria devido ao Bruno ter baixo peso e ser muito pequeno, tendo sido também colocado em lista de espera para o transplante. Ao fim dos 4 anos, toca finalmente o telefone, pois havia um rim compatível com o Bruno. Era a notícia que tanto se desejava, mas ao mesmo tempo não se quer ouvir.
Fizemos 350 Km da Covilhã a Lisboa apavorados de medo. Chegámos ao hospital às 17 horas, foi bombardeado por agulhas, enfermeiras e médicos e entrou no bloco às 20 horas. De seguida, foram as 6 horas mais longas da minha vida, pois não sabia como ele ia ficar. Às 2 horas da madrugada saiu, todo cheio de tubos, mas sorridente e já a falar. Seguiram-se alguns meses mais complicados, mas que valeram a pena.
Hoje em dia, tirando dois sustos que já apanhámos, tem corrido bem, foi um transplante de sucesso e já lá vão 6 anos. Tem tido algumas surpresas boas devido a haver pessoas generosas como a Enfermeira Matilde, que o conhece desde bebé e se lembra dele. Já foi numa viagem à Lapónia e participou duas vezes no campo de férias da APIR. Hoje tem 13 anos e é feliz com o seu rim.