Tudo começou por volta dos meus 16 anos. Comecei a notar que via mal, na escola mal via o que a professora escrevia no quadro. A situação piorou de tal forma que, às tantas, já quase não via um palmo à minha frente! Assustados com o que estava a acontecer, os meus pais levaram-me de imediato ao oftalmologista, na esperança de que a situação se resolvesse. Foram-me feitos inúmeros exames e recebi múltiplos diagnósticos. A verdade é que ninguém parecia saber ao certo o que se passava e foi dito à minha mãe que muito provavelmente não iria recuperar a visão! Foram tempos assustadores!
Decidiram então encaminhar-me com urgência para o Hospital de Santa Maria, na tentativa de perceber o que estaria a causar tudo aquilo. Chegada a Santa Maria, seguiram-se imensas análises e exames, até que finalmente o diagnóstico chegou: os meus rins estavam a parar! O nosso mundo parou quando soubemos, a verdade é que no início nem sabíamos muito bem o que isso significava ou implicava. A minha tensão arterial estava elevadíssima, e foi isso que me fez perder a visão. Fui medicada e, ao contrário do que os médicos tinham previsto, consegui recuperar a minha visão na totalidade.
Dado a urgência da situação, inicialmente fiz hemodiálise por cateter, mas rapidamente passei para diálise peritoneal. Iniciei DPCA em 1998 e, em outubro de 2002, com 21 anos, fiz transplante renal de dador vivo, do meu pai, sendo o primeiro transplante de dador vivo realizado no HSM. Foram 12 anos de transplante, com uma vida normal, com poucos internamentos e ainda com algumas viagens pelo meio.
Infelizmente, em janeiro de 2015, tive que iniciar novamente DPCA, pois o rim já não funcionava a 100%. Atualmente continuo a fazer DPCA e aguardo em lista por um rim compatível. Apesar de todas as adversidades, e com o apoio da minha família e amigos, consegui continuar a trabalhar e a lutar por ser feliz!